sexta-feira, 11 de abril de 2008

...para que nunca digas...

Toda a manifestação do meu amor, te dedico, agora, pra viver o limite dessa dor, explorar o sentimento que corrói, que machuca, tamanha confusão de sinais que apreendo e não aprendo desse mundo, do mundo que tu me trazes. Te dedico todo o meu amor magoado para que um dia ele fique só na lembrança guardado como um bem querer bem datado.
Amor, meu grande amor, te dedico mais uma canção, mais algumas muitas lágrimas, mais tempo da minha atenção desviada, desvairada. Dedico-te meu nó na garganta, minhas voltas nos ônibus olhando pela janela a paisagem que passa, deixando escorrer saudade e tristeza pelo rosto trasfigurado pela dor. Te dedico cada tormento, cada lembrança, cada um, pouco a pouco, os lindos pedaços de nossa história.
Só assim eles terão destino fora de mim.
Te dedico, Márcio, minha ainda famigerada esperança. Te dedico, pois, o meu luto, de algo prestes a se transformar. Com aquela leve lucidez que nos faz olhar pra frente, mesmo com a implacável presença do passado, te dedico e dedicarei sempre o meu amor, enquanto houver. Para que nunca digas que não sabia o quão grande um dia foi esse sentimento por você.


A Sede do Peixe (Para o que não tem solução)
Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento / Márcio Borges


Para o que o suor não me deu
O fogo do amor ensinou
Ser o barro embaixo do sol
Ser chuva lavrando sertão
Qual aleijadinho de sabará
E a semente das bananas

Para o que não tem solução
A sede do peixe ensinou
Não me vale a água do mar
Nem vinho, nem glória, navio
Nem o sal da língua que beija o frio
Nem ao menos toda raiva

Para o que não tem mais razão
A calma do louco ensinou
A dizer nada

Para o que não tem mais nada
A calma do louco ensinou
A dizer razão

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