segunda-feira, 21 de junho de 2010

um pouco de poesia pra acalmar o coração

Soneto da separação (jobim e v. moraes)

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

Perguntas óbvias, respostas práticas

Não sei como, mas um belo dia começei a receber mensagens de um blog chamado "Pergunte ao Urso". Tem dias que apago sem ler, mas às vezes as perguntas são curiosas e engraçadas. Dessa vez me aventurei e lá no meio de outras postagens encontrei o "Urso" reclamando sobre perguntas recorrentes e que a deixam irritado...me deparei com a trinca maldita que me persegue há três meses..rs. E que tb me deixa cada vez mais irritada. Porque, como ele diz, são perguntas óbvias. Mas então faço eu outra pergunta óbvia: porque não enxergamos o óbvio, o que temos que enxergar??? Não é só por que "não queremos"...não se resume assim tão facilmente um emaranhado de sentimentos e experiências de um relacionamento (longo ou não) e que de repente se põe um ponto final. As perguntas sim, nos assombram, nos perseguem. As respostas vêm de todos os lados, respotas muitas vezes tb óbvias...e a confusão está armada.

Mas depois de algum tempo refletindo (leia-se: sofrendo, estribuchando, chorando) cheguei à conclusão de que o melhor é ficar com as respostas práticas e simples, tal como o Urso fez. Taí o trecho que quero ler sempre:



"Detesto receber perguntas que mais parecem livros, mas, mais que isso, detesto receber perguntas melodramáticas. A trinca "ele me deixou, não consigo esquecê-lo/por que ele não liga/será que ele me quer" me deixa até irritado. Poxa, tanta coisa bacana para me perguntar, mas logo o óbvio? Ele te deixou porque arrumou coisa melhor, não te liga porque não gostou da experiência e, para finalizar, ele não te quer, se quisesse, você saberia. Pronto! Não me perguntem mais isso!"

(Blog "Pergunte ao Urso")

sábado, 19 de junho de 2010

flor de ir embora

Flor de ir embora (M.Bethânia)

Flor de ir embora,
É uma flor que se alimenta
Do que a gente chora.
Rompe a terra, decidida,
Flor do meu desejo
De correr o mundo afora.
Flor de sentimento
Amadurecendo, aos poucos,
Minha partida.
Quando a flor abrir inteira.
Muda a minha vida.
Esperei o tempo certo.
E lá vou eu, e lá vou eu
Flor de ir embora, eu vou
E agora, esse mundo é meu.


* * *


saudade. choro preso. adeus.

e lá vou eu...amadurecendo aos poucos. minha partida.

ai que vontade de voltar no tempo, que tudo fosse diferente.

e minha flor de ir embora crescendo...

"quando abrir inteira, muda minha vida". muda minha vida.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

pássaro-peixe

"Pra trás, não há paz" (Guimarães Rosa)


Eu vou te contar
O segredo da bailarina que veio do mar
Ela é filha protegida de iemanjá
É sereia prisioneira do rabo de peixe
Que em noite de lua, vira pássaro e foge do mar

Ela só dança sobre pétalas de rosas brancas
Banhadas nas águas do sal
O seu vestido vai florido até lá no pé
E esconde o doce mistério do "pássaro-peixe" que vira mulher

Desfila prosa
Que só quem é filha de rainha
Acima do bem e do mal
E vai gingando rodeada de sete tambores, sete vidas, sete cores
E a dama faz um carnaval

E quando canta, o seu canto é de partida
Pros braços da mãe adorada
Numa girada, feito coisa de feitiço
Bailarina vira flor e o menino devolve pras ondas
do mar

Eu vou te contar
O segredo da bailarina que veio do mar
Ela é filha protegida de Iemanjá
É sereia prisioneira do rabo de peixe
Que em noite de lua, vira pássaro e foge do mar


.....


Vira pássaro e foge do mar...

domingo, 6 de junho de 2010

a vida continua

"Ele já não gosta mais de mim
Mas eu gosto dele mesmo assim
Que pena, que pena
(...)
Mas eu não vou chorar
Eu vou é cantar
Pois a vida continua
Pois a vida continua
E eu não vou ficar sozinha no meio da rua
No meio da rua
Esperando que alguém me de a mão"

saudade de mim

“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não agüente bem ouvir um assobio no escuro, e passos.”

(pedro, me passa a referência!rs)



hoje sou forte em minha solidão. nada quero além dela, ai que saudade de mim.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

...mas já fiquei tão longe...

Onde é que eu fui parar?
Aonde é esse aqui?
Não dá mais pra voltar
Por que eu fiquei tão longe?
Longe...

Onde é esse lugar?
Aonde está você?
Não pega celular
E a terra está tão longe
Longe...

Não passa um carro sequer
Todo comércio fechou
Não tem satélite algum transmitindo
notícias de onde eu estou

Nenhum email chegou
Nem o correio virá
E eu entre quatro paredes sem porta
ou janela pro tempo passar

Dizem que a vida é assim
Cinco sentidos em mim
Dentro de um corpo fechado
no vácuo de um quarto no espaço sem fim

Aonde está você?
Por que é que você foi?
Não quero te esquecer
Mas já fiquei tão longe
Longe...

Não dá mais pra voltar
E eu nem me despedi
Onde é que eu vim parar?
Por que eu fiquei tão longe?
Longe, longe, longe, longe
Longe, longe, longe

http://www.youtube.com/watch?v=ZWkeDW9oWkw&feature=related



de repente somos atirados a um lugar desconhecido. não sei onde estou, só sei que fui pra muito longe de onde queria. apenas estou. no meu novo lugar agora. lugar que habitarei com outras cores e experiências, porém, longe, muito longe de um sentimento que vou deixando pra trás. não conheço esse lugar, onde tenho que te esquecer de verdade. é estranho a certeza, porém, de que já habito essa vontade e me jogo num espaço de medos e desejos e tristezas e esperanças. sei que tudo vai passar, enfim, para outro lugar. em talvez alguns instantes eu já esteja num novo lugar desconhecido, eu que me desconheço tanto. bom saber que de algum modo, minha alegria me movimenta e vou, não mais estou...e entendo que desse lugar onde estou, já fui embora.