quinta-feira, 30 de abril de 2009

habanera

"O pássaro que você pensou surpreender
Bateu as asas e voou
o amor está longe, você pode esperar por ele
Se você não esperar mais por ele, ele está lá!
Ao seu redor, depressa, depressa,
Ele vem, vai e depois vem de novo
Você pensa em segurá-lo, ele te evita
Você pensa em evitá-lo, ele te segura"

(Carmen de Bizet)

"Foi um escândalo. Na noite de 3 de março de 1875, a platéia presente à Opéra-Comique de Paris saiu chocada com a estréia de Carmen, de Georges Bizet. Acostumado com histórias ditas "edificantes", o público ficou incomodado com aquele espetáculo singular, no qual uma cigana desprovida de qualquer moral, sem a menor sombra de remorso ou piedade, enfeitiçava e levava os homens à perdição. Em vez de final feliz, um assassinato em cena. Carmem é morta pelo amante, a punhaladas. A música, tão perturbadora quanto o enredo, foi motivo de igual controvérsia. A crítica, na imprensa da época, mostraria-se dividida. A maioria, é certo, tratou a ópera de Bizet como um espetáculo repugnante e obsceno. "Se fosse possível imaginar Sua Majestade Satânica escrevendo uma ópera, Carmen seria o tipo de obra que se esperaria", diria o Music Trade Review, de Londres. Houve, porém, quem pensasse o contrário. "Bizet quer pintar homens e mulheres de verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura. Assim, a orquestra conta suas angústias, seus ciúmes, suas cóleras e a insensatez geral", foi a avaliação publicada no Le National, de Paris.A originalidade de Carmen acabaria triunfando sobre os preconceitos e valores da época. Mas Bizet não viveria a tempo de assistir a seu próprio triunfo. Exatamente três meses após a polêmica estréia, recolhido a Bougival, uma pequena cidade do interior da França, ele morreria de um ataque do coração.Sua trajetória musical havia sido rápida e surpreendente. As primeiras obras, Os Pescadores de Pérolas, de 1863, A bela moça de Perth, de 1867, e Djamileh, de 1872, pouco ou nada deixavam antever a revolução proporcionada por Carmen."

musicaclassica.folha.com.br/cds/22/biografia-2

Tenho escutado falar muito sobre ciganos. Aparecem eles nas aulas, no livro de cabeçeira, na conversa do dia a dia...quando eu menos espero, sou surpreendida por histórias sobre ciganos, seus costumes, suas danças. E assim foi que mais uma vez, numa engraçada cena cotidiana, descubro a ópera Carmen, sem saber que ela já se fazia ouvir há tempos.


Coisas da vida.

2 comentários:

paulinho du carmo disse...

Olá Gleice, adorei o blog, informativo e dinâmico, poético. parabéns!

Os Castelos

O MYTHO é o nada que é tudo
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo
O corpo de Deus,
Vivo e desnudo.

Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos creou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fedundal-a decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada morre.

Fernando Pessoa

gleice disse...

Querido Paulo,

Demorei, mas cá estou! Obrigada pela visita e pelo comentário carinhoso.

O poema, genial. Uma bela apreciação dos mistérios do nosso maior mito, a vida...onde construimos e descontruímos cotidianamente nossos castelos de areia.

Bjos!